Thursday, June 15, 2006

9 comments:

amaya said...

mais belo som
pássaros na madrugada
a tampa do coração de marzipã
afinal reencontrada

amaya said...

impressionante como tudo passa
o amor a ira o desconcerto
o vazio de um mundo no penhasco
o salto no asadelta e o ultraleve
sobrevoando o mundo lá em baixo

amaya said...

nasci para esta hora
em que falo para o nada
coisas de mim perdidas
na roda da memória

nasci para esta hora
uma eterna criança
escapando das feras
no entrelugar do sonho

amaya said...

assim a sucessão
as faces que retornam
cada uma com sua estória
oculta ou evidente na face

assim rever a turma dos anos setenta
o tempo marca o corpo
mas agudiza a alma
assim te vi

memória dentro de um carro na beira do rio capibaribe

os artistas são os deuses da paixão

amaya said...

amar amei pouquíssimos
mas me apaixonei várias vezes
no tempo que bastava me submeter às iniciativas
no tempo em que tudo era mais rápido que uma ave da madrugada na neblina

amaya said...

você que foi meu rei hoje é meu súdito
mil novecentos e setenta e oito
era o artista mais sublime da cidade do recife
belo como o Dürer de Munique ou do museu do Prado
místico como Cristo
doce como as frutas e corpos de Caravaggio
nômade psicodélico atravessado por um caleidoscópico
à maneira de Salvador Dali
impenetrávelmente de outro mundo
como as estátuas de Brennand e de Gaudi

amaya said...

foi quando você viu a face clara
sem qualquer uso da imaginação
pessoas são cruéis e também sádicas
ingratas e desprezam-te por trás

e niguém é discreto ninguém guarda
segredo de tua íntima explosão
e num jantar te agridem sem cuidado
ou respeito e na vala não estás

estou chocada com o telefonema
foi de muito mau gosto meu rapaz
tudo isso me leva simplesmente
a não dar minha ajuda nunca mais

amaya said...

chegar a ficar cética de tudo
não ter mais forças para o fingimento
o riso social e o desconforto
da ingratidão frequente desses seres

agora é hora de ficar em casa
o mais tempo possível até chegar
a hora da partida da viagem
aquela que não deixará voltar

agora é tempo de perder o riso
não mais desperdiçar minha pureza
e guardar para mim num pergaminho
minha infância essa eterna companheira

amaya said...

sempre foi meu diário este poema
nascido de um assombro de surpresa
são as minhas memórias estes versos
escritos nas feridas de mim mesma